terça-feira, 1 de abril de 2008

O mártir das bestas

Um coro de crianças choram

Num paralelismo surreal,

É a grande besta,

O mártir da inocência auroreal.

Aproxima-se dos sentidos

Notícias dos mundos distantes,

Interioridade filosofal,

Caminha nos sonhos proféticos

Com sabedorias distorcidas

De um pré-formato embrionário,

O coro das crianças perdidas,

Que enevoa-se na implosão da vida

E se esvai no subconsciente massal.

É as inverdades perdidas,

Os não-registros coloquiais,

É o choro sofrido

De carregar o grande mundo perdido,

A clamação da necessidade crençal

Tomadas por retóricas vazias,

Sentimento de conforto,

Temor por castigo espiritual.

O nada torna-se real

Quando une-se ao senso comum,

É o sentimento do mundo,

Uma máquina que gira

Na nossa mente carnal.

E na intensa busca

De rupturas imaginárias

A grande besta clama o seu canto

De mórbidas visões corrosivas

Da nossa dita sabedoria

De declinação crescente

No inconsciente memorial.

E eis que escutamos os coros

Das crianças marginais.

Priscila de Athaides – 01/04/2008

Nenhum comentário: