sábado, 25 de outubro de 2008

Construtivismo

está confuso:

Conhecimento complexo
Origem ortodoxa
Natureza niilista
Saturação segmentada
Transformação trancendental.
Razão ramificada
Unificação universal
Técnicas temáticas
Interesse interativo
Verdade vórtices.
Inconstante imprenscindível
Seleções sacramentadas
Maleáveis mensagens
Observando orientados.

Priscila de Athaides - 25/10/2008

Paper Bag - Tradução by me

Olhava para o céu
Procurando uma estrela
Para rezar, para desejar
Ou qualquer outra coisa.
Eu estava sonhando acordada,
Pensando em um rapaz,
Que eu sabia não ter chances.
Então o pombo da paz
Começou a descer lentamente,
E por um momento acreditei
Que minhas chances aumentavam.
Mas quando se aproximava,
Assim desciam as minhas lágrimas.
Eu achava que era um pássaro,
Mas era apenas um saco de papel

A fome dói,
E eu o quero tanto que me mata,
Pois eu sei que sou uma confusão
Que ele não quer arrumar.
Eu tenho que me concentrar
Já que suas mãos são importantes demais
Para apertar.
A fome dói, mas é necessária,
Quando se custa muito amar

E eu enlouqueci novamente hoje
Procurando me apegar a algo,
Procurando por um pouco de esperança.
Meu amor disse que não poderia ficar,
Não poderia me beijar,
E falhar beijar é falhar em lutar.
Eu disse: “Querido não me sinto bem,
Não me sinto justificada.
Venha aqui e coloque um pouco de amor
Em meu vazio.”
Ele disse: “Está tudo na sua cabeça!”
E eu disse: “Assim como tudo...”
Mas ele não entendeu.
Eu achei que ele era um homem,
Mas ele era apenas um garotinho.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Releitura: Ausência

O desejo de te amar
Vou deixar que acabe em mim
Porque sinto que meu esforço
Será em vão.
Tu te tornaste
A minha própria pessoa
E eu sinto que em meu gesto
Existe o teu gesto
E em minha voz,
A tua voz.
Não te quero ter
Porque tudo aquilo em que acreditei
Seria desperdiçado
Quero que sejas apenas o meu nada.
Deixarei que se vá
Assim encontrarás outros amores
Beijarás outros lábios
E serão outros corpos que irás amar.
Mas aquela que tanto te amou, fui eu
Porque foi com o teu amor que sonhei
Porque beijei outros lábios pensando em ti
E amarei outros corpos como se fossem o teu
E fui eu que em face a solidão
Me deixei desejar isso
Mesmo sabendo que de ti nada teria.
Ainda assim
Eu fui aquela que mais te teve
Porque todo o silêncio
Todas as canções
Todas as lágrimas
Serás tu, em mim

Priscila de Athaides – 10/04/02

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Dissolved Girl

http://br.youtube.com/watch?v=GAiceRuLX1I

Shame, such a shame
I think I kind of lost myself again
Day, yesterday
Really should be leaving but I stay

Say, say my name
I need a little love to ease the pain
I need a little love to ease the pain
It's easy to remember when it came

'Cause it feels like I've been
I've been here before
You are not my savior
But I still don't go

Feels like something
That I've done before
I could fake it
But I still want more

Fade, made to fade
Passion's overrated anyway
Say, say my name
I need a little love to ease the pain
I need a little love to ease the pain
It's easy to remember when it came

'Cause it feels like I've been
I've been here before
You are not my savior
But I still don't go, oh

I feel live something
That I've done before
I could fake it
But I still want more, oh.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Quebrada

Ela comeu morangos, eles te davam arrepios, mas ela os comeu. A tarde brilhava e ela observava tudo da janela. Os pássaros passavam, as nuvens mudavam de forma, as pessoas conversavam sobre coisas cotidianas. E ela apenas observava enquanto o gosto do morango amargava docemente em sua boca.

Tinha todas as horas escorrendo pelas mãos, podia ver o tempo se manifestar nas rugas dos olhos de todos. Um dia ela sabia os seus nomes, naquela tarde não importava. Ela podia correr com os seus olhos o céu e o chão, a tarde parecia amarela, com os raios de sol penetrando o seu quarto e mudando a cor das paredes, era tudo dourado, e seus lábios estavam vermelhos, saborosos.

Então ela pensou consigo mesma: O que torna a vida tão fascinante? O que faz que todos os dias os pássaros cantem passeando em sua janela, as pessoas saírem para falar sempre das mesmas coisas, sempre tão previsíveis? O que faz o sol continuar o seu percurso? O que a faz ver as cores tão limitadas e tão belas?

Os seus braços se agarraram a janela e ela pensou: O que faz voar ser algo tão impossível? Então imaginou o vento tocando toda a extensão do seu corpo, invadindo-a por dentro, preenchendo o vazio de suas entranhas, sentia o sol queimando suavemente a sua pele, todos os seus sentidos aprimorando e então se viu colidindo, espalhando-se pelo chão, a espinha quebrando-se, todo o seu corpo morrendo, servindo de carne para os vermes. E então mais nada...

Abriu os olhos, se viu em pé no seu quarto, sentindo o sol no seu rosto e se perguntou qual era o sentido daquilo tudo. O sentido de viver e se desfazer tão fragilmente. Ela já estava quebrada por dentro.

Não sou eu

Somos carnes
Apimentados
Comemos com prazer
Digerimos com nojo
Somos efêmeros
Sem mente, sem história
Sem nome
Somos sem tempo
Um breve momento
Descansamos em paz
Olhos abertos, olhos fechados
Não há ninguém
Olhamos pra nós
E aquele que chora
E aquele que ri
Não queremos ver
Não queremos sentir
E que descanse em nós a solidão
Pois não há ninguém em nossas camas
Apenas carne
Apenas calor
Às vezes o mesmo rosto
Às vezes tantos
Às vezes nenhum
Sentimos aquilo que nos convêm
E o que é projetado no outro
E não reflete em nós
É exilado para sempre,
O outro que não sou eu.
Até o anoitecer da vida
Apagar o sol em nós

Priscila de Athaides – 06/10/2008