quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Os amores que se vão



Amores são como heroína
Mexendo com a nossa química,
Viciante em nossos corpos,
Dilatando as nossas pupilas,
Distorcendo a realidade em nós.
Mas amores se vão e nos destroem
Como uma ausência abstêmica,
Depressiva, ansiosa,
Até a retomada de equilíbrio,
Até que os nossos corpos se purifiquem.
As impressões permanecem
Em nossas vibrações mentais,
Perdidas nas entrelinhas,
Translucidas, assombrosas
invisíveis, distorcidas,
Como palavras apagadas em um papel,
Manchadas,
Desgastadas, 
Desconectadas,
Esvanecidas.


Priscila de Athaides – 23/02/2017-13/12/2017

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Plena



Contigo sempre fui metade
Me refazendo em delirantes futuros
De promessas que nunca me pertenceram.
Te enchi de planos que não faziam parte
Do nosso tranquilo cotidiano,
Abracei o que me disseram que seria
Me escapando daquilo que deveria ser.
As minhas manhãs regidas a café e compromissos
Planejamentos, filmes, séries e música
Uma canção que me escapa dos lábios
Uma leitura corrida no banheiro
Minutos contados
Um café da manhã apressado.
As suas manhãs com pão e achocolatado
Um pouco de jogo e mil questionamentos
Um futuro incerto e palavras ao vento
Um menino brincando de gente grande.
Hoje me vejo tão plena
Meus olhos sonolentos
Meu sorriso de canto
Meus cabelos ondulados
Meus lábios delicados
Minhas curvas
Meus livres pensamentos
Os meus silêncios
Meu café, meus filmes
minhas séries, minhas canções
Meus planos, meus sonhos
Me vejo e me percebo tão melhor
Porque eu nunca me vi em você
Apenas aquilo que o futuro parecia.
 Priscila de Athaides – 07/02/2017