Parte XI
Hoje fui visitada pela fria face do passado,
mostrando-me padrões de comportamentos que preciso quebrar. Quebram-se os
ciclos, a estrada segue sem obstáculos que me atrasem. Me sinto cansada,
carregando o fardo de escolhas perigosas que se apresentam como um fogaréu de
possibilidades. Não posso ter tudo o que eu quero. Deixo ir. Preciso me
priorizar e me agarrar aos meus ideais quando vejo as flores murchando em meu
caminho. Hoje nada me pareceu belo, mas uma dor me atingiu a boca do estômago
transformando-se em mil borboletas cortantes que me machucaram. Nem sempre o
dia alegra-se nas pequenas coisas. Não quando a desordem dos pensamentos se
pesa em mim.
Preciso apenas partir, assim como Daphne,
enraizando-me em outros espaços, protegendo-me do pavor desse amor que permanece
tortuosa e errônea. Status malus vana salus semper dissolubilis. Me
sinto estagnada em uma areia movediça me engolindo até me fazer perder os
sentidos e sufocar. Preciso de calma para emergir e me retirar deste espaço.
Sozinha. Mais uma vez.
Hoje senti o meu passado me jogar maçãs podres, me
cobrindo de contusões. Estou exausta e machucada. Nem sempre é sobre você. Hoje
sou eu, perdida em pensamentos vãos que me assolam enquanto tento entender a
roda da fortuna que gira e me tece a vida, ontem no topo, hoje em baixo.
Eu mereço mais do que isso. Mereço um caminho
livre, sem perpassar por confusas miragens de futuros impróprios, como 7 taças
que me apresentam opções ilusórias. Eu não posso mergulhar nesse lago que se
encontra no horizonte. A minha sede é grande, mas sei que me engasgarei no
primeiro gole e precisarei me resgatar de novo. A sede é grande, mas outras
taças se apresentarão. 10 taças numa bela casa amarela murada e com flores
vermelhas em seu pequeno jardim. Um lugar que me acolha com todas as luzes e
sombras que eu sou. Um lar sólido e duradouro. Mas então porque o meu corpo se
arde e me faz querer mergulhar nessa água suja? Não vejo a profundidade. Me
adoece só de pensar em tocá-la, e ainda assim eu quero me afundar nela.
Preciso seguir em frente na minha jornada que se
apresenta. Eu sou a minha melhor companhia, pois sei dos meus sonhos e erros,
dos meus limites e acertos. Caminho em frente calçando esses preciosos sapatos
de rubi que me levam para caminhos de acertos, para o meu lar. Sábios
companheiros de viagem. Se eu os retiro, os perco. Me perco. Prefiro perder-te,
pois até pouco era inexistência. Já não te darei mais acesso ao meu país das
maravilhas, pois serás como o rei de copas invertido, desequilibrado. Você não
pode me ter quando quer, como quer. Neste jogo eu dou as cartas e preciso
colocá-las na mesa. Eu escolho que o meu fogo por ora se prenda, apesar de
ouvir o teu chamado distorcendo-me as ideias. Dessa água não posso beber. Me
recuso. Me escolho. Tchau obscuro espaço, talvez um dia eu retorne e estejas
cristalino e, dessa forma, possa mergulhar em ti, com o meu canto hipnotizante
encantando-te por completo.
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