sábado, 29 de setembro de 2007

Amor Perfeito

Quero mergulhar em você,

Amor perfeito,

Para roubar os seus pensamentos

Que sejam todos meus!

Assim eu permanecerei em sua pele

Como uma fragrância única

Essencial, viciante, preciosa...

Então seu sorriso permanecerá

Refletido no meu

Me enfeitando a face,

Antes apática,

Me tornando luminosa

Verdadeiramente feliz...

E nas minhas horas vazias

Me completarei com você

Até que as nossas peles se reencontrem

Nos tocando em êxtase

De prazer e ternura

Quando nos fazemos inteiros...

E quando as tempestades chegarem

Nadarei até você,

Meu porto seguro,

Para que me carregue em seus ombros

Até um mundo só nosso

Que criamos quando estamos juntos

Inabalável, estável...

E eu te buscarei incessante

Para mergulhar em você

Plenamente

Até que seremos eternos

Nesse amor perfeito!

Priscila de Athaides – 29/09/2007

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

O Éden de Sofia


Lilith - Jhon Collier (1892)

Sofia arrasta os seus pés

Na marrom terra macia

Acanela-lhe a pele, o sol,

Enquanto caminha Sofia


Coroada de rosas vermelhas

Despetala-se Sofia

A sua pele o sol ilumina

Pálida pele, claro o dia


Ao seu redor circula a serpente

Dizendo o que não devia

Sobe-lhe as pernas, acaricia-lhe as coxas

Sussurrando palavras proibidas


E eis que encontra a chave

De todas as suas dúvidas perdidas

Na árvore que a coruja repousa

O segredo de toda a vida


E então, maior do que Adão,

Fez-se Sofia

Que, além do paraíso,

Cria o seu Éden de sabedoria


Priscila de Athaides – 28/09/2007

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Hécate

http://www.saberweb.com.br/mitologia_grega/outros_deuses/hecate.htm

Selene


http://www.katyberry.com/Goddesses/Greek.html

Estrada Perdida

Desperto fria nessa escuridão

O vazio me ampara com o seu abraço gélido

É tudo estranho ao meu redor

Tudo parece olhar para mim e não me reconhecer

Não encontro a minha estrada de tijolos amarelos

O meu lar não me conforta

Estou perdida em meu paraíso negro

Procurando saídas errôneas para o meu pesadelo vivo

E, assim como uma estátua em ruas que fervilham,

Me sinto só, com os meus pensamentos tolos

Desperto, apenas, sem nunca despertar

E viver a vida e sentir vive-la, não vivo

Eu caminho nessa estrada escura

Não enxergo a luz, não enxergo além

Apenas trevas que não dissipam

E eu caminho, enevoada

Inconstante, como a divina lua

Cheia de fases, cheia de faces, cheia de mim.

A lua aparece clara em minha noite contínua

E ainda assim não vejo a sua fria luz

Sinto o meu corpo congelar, assim como as idéias,

E o tempo, falso aliado,

Passa traçando em meu rosto caminhos amargos

Correndo em meu corpo

Cíclico, rápido

Como se me forçasse a acompanhá-lo

Despejando em mim memórias vazias

E me dando a certeza de que partirei

E nada de mim deixarei

Nada comigo levarei...

Priscila de Athaides – 21/09/2007

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Você

Você mergulha em meus olhos

E invade a minha mente

Como droga viciosa

Eu, fraca como sou,

Me deixo invadir pelo seu sorriso, impotente

Você passeia em minhas veias

Como se fosse o meu sangue

Bombardeando o meu coração

Respiro... Respiro... O respiro...

Eu respiro você

E já não sou mais eu

E você, tão inocente, se faz parte de mim

Eu me faço você...

Eu nada seria

Sem você fazendo parte da minha vida

Você é o veneno que escorrega em meu rosto

E me fere a alma

É o sorriso que me ilumina a face

E se cala em meu corpo

Eu, calada,

Não sei mais como guardá-lo em mim

Então gritarei aos quatro cantos:

- Eu te amo!

E sufocarei os meus gritos

Com as minhas próprias mãos

Morrendo em meu delírio

Que é você...

Priscila de Athaides – 14/04/2003

Fernando Pessoa

    Cai chuva do céu cinzento
    Que não tem razão de ser.
    Até o meu pensamento
    Tem chuva nele a escorrer.

    Tenho uma grande tristeza
    Acrescentada à que sinto.
    Quero dizer-ma mas pesa
    O quanto comigo minto.

    Porque verdadeiramente
    Não sei se estou triste ou não.
    E a chuva cai levemente
    Dentro do meu coração.

    Fernando Pessoa, 15-11-1930.

Melancolia

Os dias passam por mim

Como correntes d’água

Levando tudo de bom

E deixando nada...

Sinto que morro a cada dia

E cada dia sou menos eu

Me sinto invadida

Por um mar de nostalgia

Sinto falta do que nunca fui

E do que passou

Não estou presente em mim

Eu reergo barreiras

E me escondo na tristeza

E o amanhã é tão incerto

Morre em mim

Sei apenas que passarei

E chegarei ao fim...

Priscila de Athaides – 31/07/2003

Cobra

Sorria...
É fácil, não?
Julgue, minta, destrua...
O que eu sou para você? Nada...
Humana? Eu?
Humano não faz as coisas que faço, não?
Humano mente, se esconde
São máscaras, corpos sem alma
Sem alma...
E ter alma
Seguir o coração
Me leva a apenas um lugar
A sua língua imunda, podre, venenosa...
Me julgue:
- Ela é boa de cuspir!
Mas não se esqueça que você não é nada
Pior...
Você é podre por dentro, pedra por fora
Destruição...
É fácil julgar aos outros
E se esquecer de quem você realmente é:
Escultura da hipocrisia humana!
Olhe para você mesmo
E pare de me destruir com a sua língua
Isso está me matando
E o assassino é você!

Priscila de Athaides - 05/03/2003

Negro

São negros os olhos que eu tenho

Negros, assim como a minha alma

Lanço aqui nesse momento

A minha fúria, a minha raiva


Negra é a língua que me fala

Podre, assim como as palavras

Destruindo os meus mais profundos sonhos

Transformando tudo em nada


Negro é o céu que me cobre

O meu mundo fora dos meus sonhos

Cobre todos os meus anseios

Destrói todos os meus planos


Negro é o meu coração latente

Cheio de ódio e amargura

Onde se esconderam os meus desejos?

Quando se acabou a minha ternura?


Priscila de Athaides – 19/11/2002

Após

Caminhe sobre o vale da morte

E veja com os seus olhos imortais

Que o céu não é o limite

Que a morte é só o começo

E que a vida é mais do que um sopro

Caminhe sob céu que te rodeia

E veja que a terra é só o início

Que a vida tem um sentido

E veja isso com os seus olhos mortais

Não se abandone no seu último suspiro

A vida não acaba aí

Se transforma

Muda

Você tem a vida para viver

E a morte para se arrepender

Então viva... para morrer em paz

Priscila de Athaides – 12/06/2002

Vazio

Esse vazio que me toma

É tão silencioso e termo

Me toma em tempos

Que se perde a noção de eterno


Esse vazio que me tem

Chega manso, lentamente

Me tem a alma em liberdade

Me torna morta a mente


Mas vazio, porque me tomas?

Chegas em forma de sedução

O que trazes contigo?

Silêncio e solidão...


Vem devagar e me domina

Nesse olhar que perdeu

A luz e a vontade

De ser apenas eu


Silêncio, agora é tudo o que tenho

Um pouco de paz e solidão

Agora nada mais resta

Agora parou o coração...


Priscila de Athaides – 18/09/2001

Anjo

Dedico esse poema ao meu amigo Max, que sei que gosta desse poema e tb pq prometi para ele que esse poema seria dedicado a ele. Espero que vcs gostem, pois esse eh um poema relativamente antigo...


Anjo (Parte I)

Um anjo

Sem asas

Sem amor

Pecador

Sem pecados

Calado

Quem é?

É veneno

Que mata

Que azeda

Que amarga

É dor

É morte

Sem sorte

E eu

Sem pensar

O amo!

Anjo sem asas

Que me mata

Com todo

O seu veneno

Lamento amar

E calar...

Priscila de Athaides – 15/09/2001

Anjo (parte II)

Anjo, onde está o teu coração?
O meu está repleto de dor
Voa com asas de fogo
Anjo sem amor

Anjo, porque me atormentas
Tomando a minha mente?
Voas e não sabes tu, anjo
Que és igual a serpente

Anjo, teus olhos tem malícia
Mas tu não me olhas assim
Teus olhares tem grande perigo
Perigo que corre em mim

Anjo
, cadê a tua pureza?
Porque tu és assim?
Tens rosto de anjo
E pareces o mal para mim

Anjo, tu és um doce pecado
Tão amargo e tão proibido
Minha alma esta condenada
Por este anjo caído

Anjo, o céu ainda não sabe
Ninguém, ninguém percebeu
Tu és um anjo que queima
E que me corrompeu...

Priscila de Athaides – 19/09/01

Penas Brancas

As penas brancas permaneceram em minhas mãos

Enquanto as aves partiam

E eu as apertei junto à face

E me pareceram macias...

Caíam lentamente no chão

As penas das aves partidas

E eram levadas pelo vento

Tempestades vazias

Tempestades inteiras

E eu vi as aves morrerem

Caírem dos céus

Vi os vermes comendo-lhes a carne

Virarem pó

Serem varridas pelo tempo...

E eu, só

Vi o meu corpo desmontando

Por cima das penas brancas

Misturadas aos vermes

Mas tudo foi sendo levado

O pó, as penas, os vermes...

Pelas tempestades internas

Levadas embora com o tempo

Levadas embora por inteiro...

Priscila de Athaides – 17/09/2007