É cruel essa espera, desanima. Não entendo esse mundo em que se deve jogar com o outro, fingir que não é o que é. Seguir conselhos pra se normalizar. O bom é explodir. E esperar para algo que se quer aconteça, fingir que não depende só de si, isso me desanima. Sei que muitos esperam, gostam da espera, gostam de jogar com o olhar do outro e sentir-se desejada a distância. Não suporto. Eu acabo partindo. Me desgasto. As vezes a resposta da espera alivia mais a alma do que a espera em si. Seguimos em frente. Já esperamos tanto com a vida, a idade passar para estarmos maduros, espera-se, espera-se. Porém sentamos em frente a telas rápidas e ansiamos. É complicado esperar que a vida venha, entediados, aguardando do outro algum sinal, aguardando que o outro venha, quando já estamos aqui, preparados.
E então que venha outro dia, o mundo nos enche de amor e o desperdiçamos, esperamos o perfeito, o perfeito não vem. Esperamos o momento perfeito, a música perfeita, o cheiro perfeito, as horas perfeitas, o completo, a naturalidade, as feridas cicatrizarem. Nada vem. E então partimos e nem percebemos o quanto deixamos de viver com essa espera. O tempo não para enquanto esperamos, ele escorre de nossas horas e torna toda a espera esquecimento. Viramos meras lembranças rápidas de uma época que desejamos por algo que nunca aconteceu, porque o tempo toma todas as direções quando não nos direcionamos por ele.
E então escutamos que não devemos desejar, esperar, apenas viver, sem aguardar nada do próximo. E nos achamos tolos, porque na espera o outro decide por nós. Decide que esperamos tanto a toa. E confusos, não sabemos se esperamos mais um pouco ou vamos embora. Dizem que por querermos demais, nos decepcionamos. Devemos apenas aproveitar o momento. Vamos saborear com uma pitada de caos.
Priscila de Athaides – 27/09/2009
Um comentário:
nossa, é interessante quando vemos o q estamos pensando em um texto. e isso acabou de acontecer com o seu texto. muito bom.
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