sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Sofá de couro bege

As multidões permanecem no caos

Barulhentas e passageiras

Por entre os asfaltos quentes e permanentes

Enquanto o horizonte muda a cada instante

Até se tornar invisível e frio

Quando a escuridão toma conta

E o caos permanece

Sempre do outro lado

Da janela estática e luminosa

Que transpassa cada átomo

Roubando os momentos vazios

Silenciando as palavras hipócritas

De resgate e humilhação

E dos sonhos que permeiam a todos

Sempre os mesmos.


E os que estão deste lado

Permanecem sentados, em letargia

Que parece congelar os momentos

Enquanto o vento corre entre as estações

E tudo parece igual

Tudo é igual

Menos o tempo

Que leva o próprio tempo

Até o momento em que o caos toma conta

E o asfalto parece próximo ao rosto

Que frio, beija a face

Quando caem os que deixaram a vida virar pó

Sentados naquele momento estático

Esperando a vida correr em seus corpos

Sem notar a própria vida.

Priscila de Athaides – 30/11/2007

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