O homem deitou-se em sua cama e leu o céu de mil pretéritos. As estrelas lhe contavam histórias de futuros ainda distantes que se deslocavam pela história. E lá, acima de tudo, a lua repleta de fases acompanhava-o em seus pensamentos noturnos. O homem fechou os olhos e flutuou até o satélite prateado, alcançando o sorriso minguante de Selene, aquela que acendia as estrelas com a sua carruagem, buscando no rosto do viajante a face do amante terrestre. Aprisionou-o então às suas crateras, apontando para o azul redondo que marcava o universo negro. Sua terra, seu lar, seu mundo longe das suas mãos pequenas em face ao mundo da deusa.
Hélios, acompanhando o adeus da sua irmã, carregou o viajante de volta a sua cama e adentrou sua janela. Seus raios avisavam que o dia já invadira as portas das fábricas que transformavam o azul celeste em cinza concreto. O homem vestiu o seu terno, calçou os seus sapatos, ajeitou os poucos cabelos que ainda restavam e seguiu os proletários que tentavam alcançar as próprias sombras marcadas no passeio como ponteiros de passos atrasados.
Desviou-se para a casa dos risos, e no palco dos loucos reconheceu seus sonhos. Dançavam mulheres como mariposas, crianças faziam performances que lembrava-o da infância, homens de cara pálida fazia-o rir de suas tragédias, mágicos enganava-o com truques de luz e mágica, os poetas declamavam seus amores perdidos e o homem sonhava com seus sonhos encenados, guardados na história, com o seu nome transpassando os tempos e marcado na história.
Quis então entregar os seus sonhos ao espetáculo vaudeville. Criou a caixa dos sonhos e captou imagens eternizando-as. Projetou nas paredes o seu mundo burlesco. Apresentou ao mundo o trem chegando à estação, criou demônios que dançavam enquanto lançavam fogos de suas mãos, cartazes criavam vidas, cabeças eram desconectadas dos corpos e ainda assim sorriam, mulheres deixavam os seus corpos nús a mostra, crianças faziam travessuras, o tempo congelava. E eis que o homem levou o mundo à lua, transformando a realidade em algo além do alcance das mãos. É o homem desperto vivendo o seu mais antigo sonho de alcançar os céus e transformar-se
Priscila de Athaides – 21/08/2009
2 comentários:
Pri,
acho que ficou mais leve mesmo.
O texto é muito bonito. Agora, quando puder, tente observar que alguns adjetivos ficam mais pesados, porque dão informações demais ao leitor.
Você tem fôlego e escreve com facilidade. Se você investir nesse trabalho da criação literária, tua escrita vai dar um salto de qualidade incrível.
beijocas
Bom, eu acredito muito nessa aula de criação e sei que na primeira vez que fiz cresci muito na minha escrita! Creio q tenho mto o q aprender ainda sim!
Mto obrigada pelas palavras prof. Eliana!
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