Em meu quarto, silêncio tumular, a luz negra invade a janela. A lua sem lua, as estrelas sem estrelas, madrugada certeira. Meus olhos estão fechados, mas não encerrados. O que espero? O que quero? A minha propícia janela, virada pra lua sem lua, aberta. Porque abri? Noite fria...Silêncio inquebravel. Inspiro... Expiro... Brandamente... Quase inaudível... Medrosamente...Frio? Medo? Não... Expectativa. Mas pelo que?
A cidade dorme em meio a névoa branca. Pra onde foram as luzes dos postes? Das casas que nunca dormem? Acabou a energia. Noite fria, sem lua, sem estrelas, sem luz. A névoa branca se espalha por toda a cidade, invade meu quarto, invade a cama, invade as cobertas, me invade. Aperto com força os olhos, não quero ver...é tão negra essa névoa branca. O que sinto? Frio... Eu estou congelando, o respirar fino... E a janela aberta.
O coração quase para, a névoa branca dentro de mim. O que é? A madrugada vazia, negra e a névoa vêm entrando branca, estranha.
Um sussurro... Um murmúrio...O corpo que não quer se mexer, os olhos que não querem abrir. Essa estranha névoa corre suas mãos em mim. Por minhas pernas, em minhas coxas, em meu sexo... Como é fria... Em minha barriga, por meus seios, em meu pescoço. O silêncio é quebrado por um grito. Dor... Tesão... Minhas mãos apertam com força a colcha. A camisola branca, os lençóis brancos... Agora vermelhos, manchados por negro sangue.
A névoa se vai, caminhando pelo frio chão do meu quarto, a névoa beija os meus brancos lábios e vai... A janela se fecha e eu abro meus mórbidos olhos... Lá está ela, me olhando da janela com a sua pálida face contra a face negra da madrugada e ela me sorri como criança e se vai arranhando as unhas na janela como as asas negras de um morcego.
E a manhã nunca mais virá... A camisola manchada, os lençóis manchados, a menina... Efêmera alma. E o que sobrou? A menina que dorme eTerna em sua cama branca, em sua cama sangue, em seu quarto maculado.
A cidade dorme em meio a névoa branca. Pra onde foram as luzes dos postes? Das casas que nunca dormem? Acabou a energia. Noite fria, sem lua, sem estrelas, sem luz. A névoa branca se espalha por toda a cidade, invade meu quarto, invade a cama, invade as cobertas, me invade. Aperto com força os olhos, não quero ver...é tão negra essa névoa branca. O que sinto? Frio... Eu estou congelando, o respirar fino... E a janela aberta.
O coração quase para, a névoa branca dentro de mim. O que é? A madrugada vazia, negra e a névoa vêm entrando branca, estranha.
Um sussurro... Um murmúrio...O corpo que não quer se mexer, os olhos que não querem abrir. Essa estranha névoa corre suas mãos em mim. Por minhas pernas, em minhas coxas, em meu sexo... Como é fria... Em minha barriga, por meus seios, em meu pescoço. O silêncio é quebrado por um grito. Dor... Tesão... Minhas mãos apertam com força a colcha. A camisola branca, os lençóis brancos... Agora vermelhos, manchados por negro sangue.
A névoa se vai, caminhando pelo frio chão do meu quarto, a névoa beija os meus brancos lábios e vai... A janela se fecha e eu abro meus mórbidos olhos... Lá está ela, me olhando da janela com a sua pálida face contra a face negra da madrugada e ela me sorri como criança e se vai arranhando as unhas na janela como as asas negras de um morcego.
E a manhã nunca mais virá... A camisola manchada, os lençóis manchados, a menina... Efêmera alma. E o que sobrou? A menina que dorme eTerna em sua cama branca, em sua cama sangue, em seu quarto maculado.
Priscila de Athaides – 20/02/03
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